sexta-feira, 8 de outubro de 2010

Teaser do longa Polvora Negra


http://www.vimeo.com/15544580

Resistir à bala

O grande mérito de Pólvora Negra corresponde a dois movimentos transversais. Assumir e compreender seu exagero, forjar sua teatralidade de horrores como parte de um universo não mimetizado. E se o cinema de gênero fabricado no Brasil hoje é essencialmente referencial, ligado muitas vezes a um registro caricato do cinema de horror dos anos 80/90, Kapel Furman consegue manter e se apropriar dos gêneros e dos formatos para construir um filme ao mesmo tempo caricatural e bastante melindroso em relação à estética narrativa. Pois se por um lado a vertente sanguinária está por todo esse cinema (já que é sua função-fim, seu desejo de potência, sua forma e conteúdo), também existe o traço do realizador, que economiza nos diálogos (sem escapar das frases-efeito) para compensar com imagens pungentes e cenas de ação não menos que eletrizantes. Em Pólvora Negra, há muito do jogo imagem-imagem, em sequências que entramgags absolutamente certeiras – cenas do bar e na cozinha do restaurante do japonês. Nestes momentos, o humor se constitui a revelia da própria criação, como parte integral de uma mitologia desconhecida.

O filme começa após alguns anos de um trágico crime, que acabou com a vida da namorada de Castilho Paredes e destroçando a visão de seu olho esquerdo. Nesta terra sem lei, onde não há heróis ou algozes, só homens sedentos por vingança, Paredes vai atrás dos homens que tiraram a vida de sua namorada – no melhor estilo de um legítimo faroeste moderno brasileiro. Mas não só, está em jogo a honra do homem que teve sua vida destruída, sua existência jogada em um esquema de manipulações perigosamente mortais. Paredes, após a tragédia, tornou-se patologicamente transformado num homem de objetivos muito claros e específicos: vingar, sobretudo, sua própria honra.

Doravante a tentativa de inserir um alívio cômico, para além do próprio personagem central (que, por si só, já possui força e efeito suficientes) e da maneira como as cenas internas são filmadas, de certa forma desloca a ação do filme, mas, todavia, dispõe e distribui uma sequência de elementos icônicos pertinentes a ambiência terrena que se quer não só representar, mas fazer sentir, ser parte. Como no melhor do cinema de gênero, a equivalência entre herói e bandido é o que constroi a mitologia ao redor do personagem. A clássica história de vingança que norteia o cinema de gênero é o artifício condutor do filme de Furman, que funciona e se engendra ora por entre a sátira, ora entre o libidinoso emaranhado de sangue e vísceras particularmente brasileiro que se insere e se acumula juntamente da própria sátira.

(Pólvora Negra, Brasil, 2011) De André Kapel Furman. Com Nicolas Trevijano, Ricardo Gelli, Munir Kanaan, Ken Kaneko, Joaz Campos, Eduardo Reys, Andre Ceccato, Celso Camargo, Trovão, Elder Fraga, Claudio Savietto, Thais Simi, Suzana Alves, Julia Novaes, Duda Cacciatore

quarta-feira, 22 de setembro de 2010

quarta-feira, 25 de agosto de 2010

quarta-feira, 27 de janeiro de 2010

foto/longa: Polvora Negra












Estreando primeiro como trilha sonora de Pólvora Negra, longa metragem dirigido por Kapel Furman e exibido (como único filme brasileiro) no Festival de Cinema Fantástico da Cidade do México, o Rock Rocket pega emprestado para si algumas partes desse filme e monta o novo clipe para a música "Shark Attack". Com uma levada do surf music, o clip vai se montando em imagens sangrentas e pauleiras em meio a tiroteios nervosos bem ao estilo de um filme de Robert Rodriguez.

quarta-feira, 20 de janeiro de 2010

Encarnação do Demonio


Festival CLERMONT FERRAND- Zigurate


http://www.vimeo.com/10363754

“Zigurate nous décrit un monde de papier glacé, dont l’esthétique froide, géométrique et en même temps d’une sensualité exacerbée rappelle les icônes publicitaires des années 1980. Deux couples, dont les ébats lisses et léchés témoignent de la haute condition, forment un microcosme que vient “salir ” un monstre issu de leurs déchets. La rencontre des deux mondes sera fatale à l’un, et ne fera au bout du compte qu’élever de quelques métres la tour de Babel… ” Si l’idée de départ faisait pencher le court vers l’allégorie marxiste, le scénario est devenu plus complexe au fur et à mesure de la réalisation. “

Carlos Eduardo Nogueira, auteur brésilien de ce court diffusé en L5, préfére laisser à nos imaginations le soin d’interpréter les sens multiples que peuvent revétir ce tableau onirique et social. Mais il évoque le plaisir qu’il a pris à méler les techniques durant cette expérimentation : ” Je viens de l’animation, c’est la première fois que je travaille avec des acteurs et je compte développer ce travail mixte sur mes films à venir… “

François Doreau “

(tradução minha, agora com acentos)

Zigurate nos mostra um mundo de “Gloss Paper”, no qual a estética fria, geométrica e ao mesmo tempo de uma sensualidade exacerbada nos remete aos ícones publicitários dos anos 80. Dois casais, cujos movimentos suaves e estudados são um reflexo de sua condição social mais elevada, formam um microcosmo que acaba sendo sujado por um monstro saído de seus dejetos. O encontro desses dois mundos será fatal para um deles e acabará não fazendo nada além de elevar mais alguns metros a torre de Babel… “Se a idéia inicial fazia o curta pender em direção a uma alegoria marxista, o roteiro se tornou mais complexo à medida que ia sendo realizado. “

Carlos Eduardo Nogueira, autor brasileiro deste curta exibido na Labo 5, prefere deixar para nossa imaginação a interpretação dos múltiplos sentidos que revestem este quadro onírico e social. Mas ele evoca o prazer que teve ao misturar as técnicas durante esta experimentação: ” Eu venho da animação, é a primeira vez que trabalho com atores e espero poder desenvolver este tipo de trabalho misto em meus próximos filmes…”

domingo, 3 de janeiro de 2010